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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Guerra Civil na Espanha - 1936 - 1939



A Guerra Civil espanhola (1936-39) foi o acontecimento mais traumático que ocorreu antes da 2ª Guerra Mundial. Nela estiveram presentes todos os elementos militares e ideológicos que marcaram o século XX.
De um lado se posicionaram as forças do nacionalismo e do fascismo, aliadas as classes e instituições tradicionais da Espanha (O Exército, a Igreja e o Latifúndio) e do outro a Frente Popular que formava o Governo Republicano, representando os sindicatos, os partidos de esquerda e os partidários da democracia.
Para a Direita espanhola tratava-se de uma Cruzada para livrar o país da influência comunista e da franco-maçonaria e restabelecer os valores da Espanha tradicional, autoritária e católica. Para tanto era preciso esmagar a República, que havia sido proclamada em 1931, com a queda da monarquia.
Para as Esquerdas era preciso dar um basta ao avanço do fascismo que já havia conquistado Itália (em 1922), a Alemanha (em 1933) e a Áustria (em 1934). Segundo as decisões da Internacional Comunista, de 1935, elas deveriam aproximar-se dos partidos democráticos de classe média e formarem uma Frente Popular para enfrentar a maré de vitorias nazi-fascistas. Desta forma Socialistas, Comunistas (estalinistas e troskistas) Anarquistas e Democratas liberais deveriam unir-se para chegar e inverter a tendência mundial favorável aos regimes direitistas.
Foi justamente esse conteúdo, de amplo enfrentamento ideológico, que fez com que a Guerra Civil deixasse de ser um acontecimento puramente espanhol para tornar-se numa prova de força entre forças que disputavam a hegemonia do mundo. Nela envolveram-se a Alemanha nazista e a Itália fascista, que apoiavam o golpe do Gen. Franco e a União Soviética que solidarizou-se com o governo Republicano.























Antecedentes da guerra


 A Espanha ainda nos 30 era um anacronismo histórico. Enquanto a Europa ocidental já possuía instituições políticas modernas, no mínimo a um século a Espanha era um oásis tradicionalista, governada pela "trindade reacionária"(O Exército, a igreja católica e o Latifúndio), que tinha sua expressão última na monarquia burbônica de Afonso XIII. Vivia nostálgica do seu passado imperial grandioso, ao ponto de manter um excessivo número de generais e oficiais (1 general para cada 100 soldados, o maior percentual do mundo), em relação às suas reais necessidades.
A igreja, por sua vez, era herdeira do obscurantismo e da intolerância dos tribunais inquisitoriais do santo Oficio, era uma instituição que condenava a modernidade como obra do demônio. E no campo, finalmente, existiam de 2 a 3 milhões de camponeses pobres, los braceros, submetidos às práticas feudais e dominados por uns 50 mil hidalgos, proprietário de metade das terras do país.
Como resultado da grave crise econômica de 1930 (iniciada pela quebra da bolsa de valores de N. Iorque, em 1929), a ditadura do Gen. Primo de Rivera, apoiada pelo caciquismo (sistema eleitoral viciado que sempre dava seus votos ao governo), foi derrubada e, em seguida, caiu também a monarquia. O Rei Afonso XIII foi obrigado a exilar-se e proclamou-se a República em 1931, chamada de "República de trabajadores".
A esperança era que doravante a Espanha pudesse alinhar-se com seus vizinhos ocidentais e marchar para uma reforma modernizante que separasse estado e igreja e que introduzisse as grandes conquistas sociais e eleitorais recentes, além de garantir o pluralismo político e partidário e a liberdade de expressão e organização sindical. Mas o país terminou por conhecer um violento enfrentamento de classes, visto que à crise seguida por uma profunda depressão econômica, provocando a frustação generalizada na sociedade espanhola.





























Os partidos políticos




As esquerdas, obedecendo a uma determinação do Comintern (a Internacional Comunista controlada pela URSS), resolveram unir-se aos democratas e liberais radicais num Fronte Popular para ascender ao poder por meio de eleições. As esquerdas espanholas estavam divididas em diversos partidos e organizações, entre as quais:




PSOE (Partido Socialista Obreiro Espanhol)Socialistas
PCE (Partido Comunista Espanhol)Comunistas
POUM (Partido Obreiro da Unificação Marxista)Comunistas-trotsquistas
UGT (União Geral dos Trabalhadores)Sindical Socialista
CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores)Sindical Anarquista
FAI (Federação Anarquista Ibérica)Anarco-Sindicalista


Elas aliaram-se com os Republicanos (Ação republicana e Esquerda republicana) e mais alguns partidos autonomistas (Esquerda catalã, os galegos e o Partido Nacional Basco). Essa coligação, venceu as eleições de fevereiro de 1936, dominando 60% das Cortes (O parlamento espanhol), derrotando a Frente Nacional, composta pelos direitistas.
A Direita por sua vez estava dividida agrupada na CEDA (Confederação das Direitas autônomas), no partido agrário, nos monarquistas e tradicionalistas (carlistas) e finalmente pelos fascistas da Falange espanhola (liderados por José Antônio).





A disputa entre partidos políticos e grupos rivais também estava ocorrendo entre os nacionalistas. Apesar de unidos pela defesa da fé católica e pela idéia da luta contra o liberalismo e o comunismo, os “negros” dividiram-se quanto aos objetivos da guerra civil.

Uns defendiam a restauração da monarquia. Outros, a instalação de uma ditadura de caráter fascista.

Para manter a unidade do grupo nacionalista, Franco suprimiu todos os partidos em 19 de abril de 1937, decidindo pela existência de umaúnica agremiação política: a Falange Española Tradicionalista de las Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista (FET/Jons). Com a morte de José António Primo de Rivera, fuzilado pelos republicanos em 20 de novembro de 1936, Franco ficara livre de seu mais poderoso concorrente, colocando-se como chefe único e indiscutível dos nacionalistas espanhóis.

Em fins de 1936, apesar da feroz resistência dos republicanos em Madri, Franco já dominava mais de metade da Espanha. Ao longo de 1937, os nacionalistas liquidaram a frente norte, tomando Bilbao, Santander e Gijón. No fim do ano, os republicanos conquistaram a cidade de Teruel. Mas, em fevereiro de 1938, os nacionalistas penetraram na Catalunha e conquistaram Lérida. Logo depois, atingiram o Mediterrâneo e conseguiram uma larga passagem entre Castellón de la Plana, no sul, e Tortosa, ao norte, dividindo a Espanha republicana em duas partes.

A ditadura se instala
A última ofensiva de Franco começou em dezembro de 1938, quando a União Soviética já havia retirado totalmente seu auxílio à República espanhola e as Brigadas Internacionais tinham deixado o país. Os nacionalistas penetraram na Catalunha e cercaram Barcelona, que caiu após resistência de 34 dias. Enquanto 400 mil refugiados atravessavam a fronteira com a França, Negrín era deposto pelo general Miaja. Em 28 de março de 1939, Franco entrava em Madri, instaurando mais uma ditadura fascista na Europa. Dois dias depois, caiu o último reduto republicano, Valência. Em 1° de abril de 1939, a Guerra Civil Espanhola chegou ao fim, com a vitória total e incontestável de Franco, que emergiu como o “chefe supremo” do país, “responsável somente diante de Deus e da História pelos destinos da Espanha”.

A República Espanhola estava morta e, com ela, mais de 600 mil cidadãos, cifra que atingiu quase um milhão em 1944, em conseqüência das execuções em massa ordenadas pelo general. A ditadura reinou na Espanha de 1939 até a morte de Franco, em 20 de novembro de 1975. Durante todo o período mantiveram- se os símbolos, hinos e lemas dos nacionalistas na Guerra Civil. Por meio da máquina de propaganda franquista afirmava-se que o bem da mãe-pátria estava acima de tudo: a Guerra Civil tinha salvado o autêntico país da “AntiEspanha”, e as sinistras influências dos comunistas, franco-maçons e judeus tinham de ser mantidas à distância. O saldo dessa obsessão foi a morte de milhões de espanhóis e um trauma que ainda hoje marca o povo ibérico.


Guerra Civil Espanhola
Data17 de julho de 1936 – 1 de abril de 1939
LocalPenínsula IbéricaMarrocosSaara,CanáriasBalearesGuiné Equatorial eMar Mediterrâneo
DesfechoVitória dos Nacionalistas
Intervenientes
Flag of the Second Spanish Republic.svg Segunda República Espanhola
Flag of the Soviet Union 1923.svg União Soviética
Flag of the International Brigades.svg Brigadas Internacionais
Flag of the Spain Under Franco.png Espanha Nacionalista
Flag of Italy (1861-1946).svg Corpo Truppe Volontarie
Flag of Germany 1933.svg Legião Condor
Principais líderes
Flag of the Second Spanish Republic.svg Manuel Azaña
Flag of the Second Spanish Republic.svg Julián Besteiro
Flag of the Second Spanish Republic.svg Lluís Companys
Flag of the Second Spanish Republic.svg Francisco Largo Caballero
Flag of the Second Spanish Republic.svg Juan Negrín
Flag of the Second Spanish Republic.svg Indalecio Prieto
Flag of the Second Spanish Republic.svgVicente Rojo Lluch
Flag of the Second Spanish Republic.svg José Miaja
Flag of the Second Spanish Republic.svg Juan Modesto
Flag of the Second Spanish Republic.svg Juan Hernández Saravia
Flag of the Second Spanish Republic.svg Buenaventura Durruti
Flag of the Second Spanish Republic.svg José Giral
Flag of the Second Spanish Republic.svg José Antonio Aguirre
Flag of the Second Spanish Republic.svg Belarmino Tomás
Flag of the Spain Under Franco.png Francisco Franco
Flag of the Spain Under Franco.png Gonzalo Queipo de Llano
Flag of the Spain Under Franco.png Emilio Mola
Flag of the Spain Under Franco.png José Antonio Primo de Rivera
Flag of the Spain Under Franco.png José Sanjurjo
Flag of the Spain Under Franco.png Juan Yag

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